Privatização do Banco BPD: Fraudes e Má Gestão Desencadeiam Crisis Bancária em Moçambique
**Maputo** - Em 1997, o Banco Popular de Desenvolvimento (BPD) enfrentava um cenário de grande instabilidade financeira. A Deloitte & Touche alertava para um volume excessivo de créditos mal parados, exigindo provisões de 23 milhões de dólares.
Com o controle de crédito considerado frágil, o BPD tornou-se alvo de privatização sob a pressão do FMI, mas sem atrair interesse de bancos estrangeiros.
Foi então que um grupo moçambicano liderado por Octávio Muthemba, ex-ministro e figura associada ao SPI da Frelimo, formou a empresa Invester, tentando encontrar parceiros estrangeiros.
Durante uma visita de Estado à Malásia, o presidente Joaquim Chissano solicitou apoio do então primeiro-ministro malaio, Mahatir Mohamed, o que resultou em parceria com o Southern Bank Berhad (SBB).
A privatização culminou na criação do Banco Austral em setembro de 1997, com 40% de participação estatal e 60% da Investil, uma holding composta por 51% do SBB e 49% da Invester.
No entanto, a ausência de uma auditoria due diligence no BPD antes da privatização resultou em incertezas sobre as responsabilidades pelas más práticas de gestão.
Em 2000, uma auditoria pela KPMG revelou fraudes, má contabilidade e perdas irreversíveis, expondo a crise bancária gerada pelo modelo de privatização do banco.
O caso evidencia as falhas estruturais e administrativas que desencadearam a falência do Banco Austral, servindo de alerta para a gestão do sistema financeiro moçambicano.
Fonte: Unay Cambuma
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