Protestos em Moçambique vão além da política, refletindo crise social e econômica
Nos últimos dias, Moçambique tem enfrentado uma série de protestos que expõem uma insatisfação popular mais profunda do que apenas a disputa eleitoral.
Zacarias Tsambe, investigador moçambicano, afirmou em entrevista à DW África que as manifestações não se restringem à figura do candidato Venâncio Mondlane ou às alegações de fraude nas recentes eleições.
Em vez disso, elas revelam uma demanda generalizada por melhores condições de vida, especialmente em áreas como saúde, educação e segurança pública.
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De acordo com Tsambe, o descontentamento dos moçambicanos envolve uma insatisfação crescente com o sistema público e uma busca por mudanças estruturais que atendam às necessidades da população, especialmente dos jovens.
Ele critica a resposta das Forças de Defesa e Segurança (FDS), que tem sido marcada pela violência e pelo uso excessivo da força, além de apontar a ausência de uma abordagem diplomática eficaz para acalmar os ânimos.
Questionado sobre o papel do Conselho Constitucional na resolução dos conflitos, Tsambe destacou que a resposta é tardia e que, desde cedo, havia sinais de que a onda de manifestações poderia sair do controle.
Segundo ele, embora as pautas eleitorais estejam presentes nas reivindicações, as demandas mais urgentes estão relacionadas a serviços públicos básicos.
Com aproximadamente 40 mortos em decorrência das manifestações, a situação reflete uma necessidade urgente de diálogo e de soluções que considerem a realidade social e econômica do país.
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Tsambe reforça que uma resposta política e diplomática eficaz pode ser o primeiro passo para reduzir a violência e alcançar a paz nas ruas de Moçambique.
Fonte: DW Moçambique
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