Crise Pós-Eleitoral em Moçambique: "Bispos e Igrejas Têm de Tomar Posição", Defende Investigador
A crise política em Moçambique após as eleições gerais tem provocado protestos diários e intensificado o debate sobre possíveis soluções.
Em entrevista à DW, o investigador português Fernando Jorge Cardoso defendeu que as igrejas devem assumir um papel de mediação na crise, propondo um diálogo inter-religioso e a realização de novas eleições para restaurar a credibilidade do processo político.
O especialista em Assuntos Africanos destacou que as instituições religiosas, como a Igreja Católica, igrejas protestantes e associações islâmicas, possuem credibilidade suficiente para liderar uma negociação entre as partes em conflito.
"As igrejas têm a obrigação de se envolver, garantir à população que o processo eleitoral seja transparente e confiável, e ajudar a resolver o impasse político", afirmou.
Cardoso também enfatizou que é do interesse do Presidente Filipe Nyusi resolver a crise de maneira transparente, reunindo os partidos e solicitando o apoio das igrejas para um novo processo eleitoral.
Ele destacou que as alegações de fraude generalizada minaram a legitimidade dos resultados e sugeriu que o Conselho Constitucional declare as eleições nulas, iniciando um novo pleito com maior supervisão.
Os protestos, liderados pelo candidato Venâncio Mondlane, têm recebido apoio popular, enquanto a classe política no poder enfrenta acusações de corrupção e má gestão.
Cardoso observou que a insatisfação não se limita a "jovens marginais", mas inclui trabalhadores, funcionários públicos e a classe média, refletindo uma insatisfação generalizada com o governo.
Por fim, o investigador sublinhou o papel histórico das igrejas na mediação de conflitos em Moçambique, como nos acordos de paz entre FRELIMO e RENAMO, e apelou para que as lideranças religiosas tomem uma posição firme e proativa.
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"É essencial que as igrejas avancem para promover um diálogo que evite mais deterioração da situação e assegure uma solução pacífica e democrática para o país."
Fonte:DW
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